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KOREAN CULTURAL CENTER

Caracol ou Caramujo coreano? Experimentando um dos dois

30 Setembro 2016 | 1070 Hit

Era quase uma da manhã no café em Seul onde tomávamos uma água, quando o telefone do Jinwoon tocou. Os coreanos não atendem telefone quando estão conosco, mas insisti para que ele atendesse... "Era minha mãe. O restaurante que ela gosta muito recebeu uma nova rodada de caramujo fresco, é um tipo que só cresce em água extremamente limpa e é delicioso. Querem jantar amanhã?". Difícil recusar um convite desses. Algo novo, diferente, e teoricamente delicioso. Marcamos para a noite seguinte, às 18hs, próximo ao restaurante.

 

Afinal, caracol ou caramujo? Busquei no Google. No Brasil usamos os dois nomes popularmente para animais de diversas famílias como o escargot (comido na França, benéfico) e outros extremamente venenosos. Na Coreia já havia comido a versão saudável popular, o 골뱅이 (colbenhi), sempre em uma salada apimentada com cerveja ou soju para acompanhar. Eu adorava.

 

Como ele é na vida real? Encontrei um vídeo mostrando o mesmo sendo aberto de sua concha: https://www.youtube.com/watch?v=QmA1M0wn5-Y

 

Além disso descobri uma banda coreana de rap dos anos 2000, chamada @ com uma música chamada 골뱅이. Não deixe de escutar, assistir um estrangeiro cantando rap em coreano nos anos 2000 vale ouro. Pode-se dizer que um gringo aprendeu coreano quando canta rap sobre o amor em uma banda com o nome @, no ápice da moda da internet, na língua coreana. Pensando no assunto e no que nos esperava, dormimos. https://www.youtube.com/watch?v=iTcpFZh3SsQ

 

No dia seguinte, chegamos ao local, mas lá não se vendia o dito cujo tradicional e sim uma outra espécie, bem mais clara - branca. O nome popular em coreano é 백골뱅이 (péc-colbengi), onde péc vem do hanja que significa branco, e colbengi... caracol ou caramujo, não importa. Pedimos três variações dele: cru, grelhado e cozido em um ensopado.

 

Enquanto comíamos, nosso amigo nos explicava que para alguns havia uma história de que o nosso alimento da noite é um afrodisíaco. Pois é, a lenda (ou verdade?) de que certos frutos do mar são afrodisíacos parece existir no mundo inteiro.

 

No menu, todos eles são indicados como colbengis frescos. Primeiro chegou a variação crua, fatiada, para ser comida por si só, com duas variações de molhos apimentados ou somente enrolado na folha de gergelim e um pouco de mostarda amarela:

caracol_cru


 

Depois a variação grelhada, tanto da parte principal quanto dos "miúdos" dele (a parte escura). Acompanhando vieram cogumelos frescos, abóbora doce (lembra que abóbora é um fruto?), cenoura, couve chinesa e, meu preferido, o 부추 (puchu, Allium_tuberosum, conhecido como cebolinha chinesa).

caracol_grelhado

 

Por fim vem o ensopado, agora com moluscos, macarrão, broto de feijão e uma pimenta bem picante tipo jalapeño.

 

Ao sair do restaurante, já cheios e felizes com a refeição e a experiência de comer algo que mesmo na Coreia é difícil de encontrar - um colbengi fresco e branco, retribuímos o favor deixando o convite para nosso amigo: que venha ao Brasil comer conosco um prato de farofa com formiga, típico e também pouco conhecido no nosso próprio país.

 

Claro, na saída do restaurante tem o aquário com o que os clientes irão se alimentar, um costume que temos também em alguns restaurantes brasileiros de frutos do mar.

caracol_aquario


 

Texto: Guilherme Silveira

Revisão: Centro Cultural Coreano

Imagens: Guilherme Silveira

*Esse texto foi elaborado em sua totalidade pelo Repórter Honorário da Cultura Coreana, não tendo ligação direta com a opinião do Centro Cultural Coreano.

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