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HERANÇA CULTURAL DO CASAMENTO NA COREIA

11 Setembro 2015 | 1618 Hit

Herança Cultural do Casamento na Coreia

 

Conheça aqui a tradição milenar do casamento coreano, suas características, história e evolução através da base confucionista de sua criação e como a influência ocidental modificou os costumes.

A cultura coreana possui fortes raízes no Confucionismo, cuja filosofia e religião enfatizam a conjunção de partes em um todo. O casamento na Coreia, então, tradicionalmente representa não apenas a união de dois indivíduos, mas de suas respectivas famílias. Um dos nomes para a cerimônia seria Taerye, grande ritual.

Não rara era a figura do casamenteiro, um profissional especializado em combinar casais de valor social e aquisitivo semelhantes, de modo a beneficiar os clãs envolvidos. O processo seguiria com as famílias de ambos trocando propostas, sem os noivos encontrarem um ao outro.

A união dessas famílias era um fato grandioso a ser celebrado, visto os valores relacionados à linhagem e sucessão, e repleto de simbolismo: devoção, lealdade e equilíbrio. Os deveres para com o bem geral se sobrepunha à individualidade e o senso de honra é uma característica marcante que moldou diversas civilizações do Leste Asiático.

O tempo, porém, passa; dinastias se perderam, impérios foram fracionados a uma pequena parte de sua antiga glória e, com eles, costumes passaram por diversas mudanças com a evolução da sociedade coreana. O antigo Império Coreano viu seu fim em rebeliões locais, crises de poder e conflitos internacionais que eventualmente deram vazão à II Guerra Mundial.

Após as guerras, em meados dos anos de 1950, a Coreia do Sul recebeu amplo suporte americano e, assim, se iniciou a influência ocidental sobre essa cultura milenar. Dentre estas, o casamento sofreu mudanças drásticas.

Tradicionalmente, uma cerimônia completa envolvia diversos pequenos rituais, abordando as várias nuances culturais do Confucionismo. Hoje em dia, os coreanos mantêm esses aspectos ortodoxos de forma mais informal, em conjunto com características vindas do Oeste.

É interessante observar aqui como se deu a associação de duas gamas de valores muito diferentes, e como o povo coreano mantém viva sua herança ao adequar o antigo ao novo, incorporando esses elementos ao modo de vida frenético que dominou a população mundial. Em geral, a globalização pode ser considerada um risco à individualidade dos povos, devido à tendência da padronização cultural. A Coreia, no entanto, a incorporou de tal jeito que toda essa mistura é uma peculiaridade em si própria.

Não mais tão tradicional, também não tão acometido pela influência ocidental cristã, um casamento na Coreia é um processo rápido, que pode demorar apenas dois ou três meses; um longo período de noivado não é algo comum lá.

Salões, hotéis e casas de eventos possuem serviços próprios, enfatizando a conveniência e relaxando nas formalidades, enquanto igrejas ainda são relativamente raras. Um mesmo espaço pode conter vários salões e vários casamentos ao mesmo tempo. A cerimônia é bastante célere e casual, presidida por um MC contratado ou amigo da família e durando cerca de meia hora. Não existem listas de casamento e o presente mais comum a dar aos noivos é dinheiro, o que em nossa cultura é considerado de gosto um tanto duvidoso.

Há ainda uma segunda cerimônia, Pyebaek, exclusiva para membros familiares, na qual os recém-casados vestem um hanbok especial e recebem as benções da família. Apesar de simples, o Pyebaek remete às raízes remotas do casamento tradicional, no ritual de mesmo nome em que a noiva se apresentava aos pais de seu marido.

Percebe-se então como a evolução e o advento de novos valores sociais modificaram os costumes, porém mantendo a essência que os originou. Como seres humanos, estamos sempre criando, mudando cultura; a herança cultural da Coreia se faz presente na modernidade e certamente sofrerá mais mudanças de acordo o desenvolvimento do país. É um processo inevitável que não deve ser temido, pois o universo não é estático e manipular o novo com o antigo é uma fórmula na qual a Coreia, felizmente, se sobressai.

Texto: Germana Queiroz

Para saber mais do casamento tradicional coreano, veja: http://www.lifeinkorea.com/culture/marriage/marriage.cfm (em inglês)

Crédito da imagem: http://patch.com/connecticut/granby-eastgranby/korean-spirit-and-culture-program

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