Comunicado
[JUNHO/2025] Sobre Minha Filha
- Post Date02 Jun 2025
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Sobre Minha Filha já está disponível para leitura e empréstimo em português na biblioteca do Centro Cultural Coreano. O empréstimo do livro em coreano estará disponível a partir do dia 5 de julho de 2025.
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AUTORA | Kim, Hye-Jin |
TRADUTOR | Hyo, Jeong Sung |
EDITORA | Fósforo |
SOBRE O LIVRO | A história de uma mãe e uma filha que precisam viver e enfrentar o presente, em vez de um futuro distante!
Sobre Minha Filha é o 17º livro da coleção "Jovens Escritores do Hoje", que destaca novas vozes da literatura sul-coreana com forte apelo literário, diversidade e originalidade. Kim Hye-jin, reconhecida por seu estilo direto e firme ao retratar o sofrimento silencioso dos mais vulneráveis, aborda em sua obra a violência do ódio e da exclusão vivida por muitas mulheres.
Ex-professora do ensino fundamental. Meu marido faleceu devido a uma doença. Agora, “eu” trabalho como cuidadora em um asilo para idosos sem família. Moro na mesma casa que minha filha, que é lésbica, e a namorada dela. Como se não bastasse encontrar a namorada da minha filha dentro de casa, minha filha também sai para protestar em apoio aos colegas que foram demitidos da universidade por causa da homossexualidade. Eventualmente, até mesmo as pessoas que protestam com ela começam a entrar e sair de casa.
“Eu” não posso aceitar que minha filha, que é muito educada e inteligente, viva uma vida de protestos nas ruas e seja ignorada pelas pessoas, então direciono minha raiva à parceira dela. Enquanto isso, sinto que vejo meu próprio futuro em Jen, a paciente de quem cuido. Jen não tem família e sua consciência está debilitada. Mesmo diante da insistência do asilo em transferi-la para um hospital mais barato, continuo cuidando dela com dedicação. Porém, tanto em casa quanto no trabalho, sou pressionada a tomar uma posição e me afundo em uma profunda angústia...
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[SOBRE A AUTORA]
Nasceu em 1983, em Daegu. Em 2012, começou a publicar suas obras após vencer o Prêmio de Literatura para Novos Escritores do Dong-A Ilbo com "Chicken Run". Em 2013, venceu o 5º Prêmio de Literatura de Romance do JoongAng com o romance Central Station e, em 2018, recebeu o Prêmio de Literatura Shin Dong-yup pelo romance "Sobre Minha Filha". Em 2021, a autora venceu o 12º Prêmio Jovens Escritores.
Fonte: Kyobo Book
[RESENHA DA EDITORA COREANA]
"Vocês podem se tornar uma família? Como podem se tornar uma família? Podem registrar o casamento? Podem ter filhos?"
"Você não acha que são pessoas como você, mãe, que nos impedem disso?"
O romance de formação de uma mãe que, como cuidadora de idosos sem família, se depara com um mundo de ódio e exclusão, enquanto é mãe de uma filha lésbica.
Uma escritora que escreve de dentro, não de fora
O romance Sobre Minha Filha, de Kim Hye-jin, foi publicado na série "Os Jovens Escritores de Hoje" da editora Minumsa. A obra apresenta a história de mulheres expostas à violência do ódio e da exclusão. A protagonista, "eu", sua filha e a namorada da filha começam a morar juntas por razões financeiras. A mãe, que sempre quis desviar o olhar da vida privada da filha, se vê "exposta" a ela, enquanto sua filha já vive em constante conflito com o mundo. À medida que essa convivência desconfortável continua, o cotidiano da mãe toma um rumo inesperado.
Kim Hye-jin é reconhecida por sua escrita singular, sendo elogiada por retratar a dor silenciosa dos marginalizados "não a partir de um olhar externo que os objetifica, mas de um olhar interno que os encara diretamente", e por sua "linguagem sóbria e persistente". Seu romance Central Station, que narra o amor entre um casal de sem-teto, expressou a dureza de uma vida sem chão por meio de frases secas e minimalistas, criando um "canto dos pobres" com uma nova sensibilidade. Já a coletânea de contos Eobi, que aborda a vida sem saída de jovens marginalizados, foi aclamada como "um olhar firme que encara as injustiças da sociedade" e foi finalista do Prêmio Literário Kim Jun-seong.
Sobre Minha Filha compartilha com seus trabalhos anteriores a visão crítica sobre as injustiças da sociedade coreana. No entanto, ao retratar com uma linguagem afiada e cenas carregadas de tensão o mecanismo de violência direcionado aos elos mais fracos da sociedade, como pessoas LGBTQ+ e idosos sem família, o romance expõe de forma crua os padrões duplos enraizados dentro de nós. Além disso, ao acompanhar a trajetória da mãe em busca da "melhor compreensão possível" sobre sua filha queer, a autora mostra como os limites e as possibilidades da empatia entram em conflito e se desenvolvem mutuamente. Esse olhar para o outro é uma das principais conquistas literárias de Kim Hye-jin.
A história da mãe
"Por que minha filha, entre todas as pessoas, tinha que gostar de mulheres? Ela me impõe um problema que outros pais jamais precisariam pensar ou enfrentar na vida, me pressionando como se dissesse: ‘Quero ver você superar isso’!”
Ela é uma ex-professora do ensino fundamental. Seu marido faleceu devido a uma doença. Trabalha em um asilo para idosos e mora com sua filha e a namorada da filha. Para cuidar da filha, abandonou cedo a carreira de professora e passou a trabalhar com o que encontrasse: aplicação de papel de parede, motorista de transporte escolar, vendedora de seguros, cozinheira em um refeitório. Viveu imersa em um ciclo interminável de trabalho. Nunca esperou que sua filha tivesse uma vida extremamente bem-sucedida, mas essa realidade inesperada lhe é difícil de aceitar. Ao longo da obra, a mãe não cessa seus monólogos sobre si mesma, sua filha, o futuro e a vida.
A história de Green e Lane
"Não foi você, mãe, que disse que existem muitos tipos de pessoas no mundo? Que cada um tem seu próprio jeito de viver? Que ser diferente não significa ser ruim? Então por que essas palavras nunca se aplicam a mim?"
Green e Lane são os nomes pelos quais a filha da narradora e sua namorada se chamam. Elas estão juntas há sete anos. Green é professora adjunta em uma universidade e participa de um protesto contra a demissão arbitrária de colegas docentes. Envolvida na luta contra o tratamento injusto dado a minorias sexuais, sua vida se transformou em uma constante oposição ao mundo e suas normas. No entanto, uma sociedade presa a preconceitos e estereótipos, que escuta apenas o que quer ouvir e vê apenas o que quer ver, não dá ouvidos à história delas.
A história de Jen
"Como posso explicar por que me identifico com essa mulher, amarrada à cama, sem saber para onde será levada? Será que eu e minha filha também seremos castigadas no fim da vida, condenadas a aguardar a morte como ela?"
Jen é a idosa que a narradora cuida no asilo. Quando jovem, estudou no exterior e trabalhou ajudando crianças coreanas adotadas internacionalmente. Ao retornar à Coreia, dedicou-se a apoiar trabalhadores migrantes. Agora, com demência, vive no asilo. Mesmo tendo investido sua "preciosa força, dedicação, coração e tempo da juventude" ajudando desconhecidos, encontra-se completamente sozinha na velhice. Embora tenha pago uma quantia considerável para estar ali, sua condição de idosa sem família a coloca à mercê da instituição, que quer transferi-la para um asilo mais barato visando o lucro. A vida de Jen foi inteiramente dedicada aos marginalizados, mas, ironicamente, ninguém cuida dela agora. A narradora vê a si mesma refletida em Jen. A história de Jen expõe criticamente o papel que as mulheres idosas ocupam na sociedade coreana.
Enredo
A protagonista, “eu”, mãe de uma filha única, convido minha filha para morar comigo depois dela perder sua moradia. No entanto, a minha filha se muda junto com sua namorada.
Como se não bastasse encontrar a namorada da minha filha dentro de casa, minha filha também sai para protestar em apoio aos colegas que foram demitidos da universidade por causa da homossexualidade. Eventualmente, até mesmo as pessoas que protestam com ela começam a entrar e sair de casa. “Eu” não posso aceitar que minha filha, que é muito educada e inteligente, viva uma vida de protestos nas ruas e seja ignorada pelas pessoas, então direciono minha raiva à parceira dela.
Enquanto isso, sinto que vejo meu próprio futuro em Jen, a paciente de quem cuido. Jen não tem família e sua consciência está debilitada. Mesmo diante da insistência do asilo em transferi-la para um hospital mais barato, continuo cuidando dela com dedicação. Porém, tanto em casa quanto no trabalho, sou pressionada a tomar uma posição e me afundo em uma profunda angústia...
Fonte: Kyobo Book
[RESENHA DA EDITORA BRASILEIRA]
Neste romance comovente da sul-coreana Kim Hye-jin, a protagonista, uma cuidadora de idosos, é uma mulher exemplar aos olhos da sociedade. Viúva de um casamento dentro dos padrões, criou a filha para seguir as tradições — casar, formar uma família e desfrutar de uma casa própria e um bom salário — e não perturbar seus planos de aposentadoria sem sobressaltos. Mas tudo sai do eixo quando Green se assume lésbica e, sem emprego fixo ou renda para pagar o aluguel, volta para a casa da mãe com a namorada.
Envolta em culpa e arrependimentos, a mãe encara a situação de modo pouco generoso, inclusive consigo mesma. E a sua rotina também não é capaz de oferecer outro repertório que não o do julgamento e da rigidez, já que passa os dias em um ambiente de trabalho insalubre, entre farelos de bolinho na boca, pernas esqueléticas dos doentes, diarreia, brotoejas, fraldas, cheiro de urina, unhas mal cortadas etc. Mesmo habituada ao sacrifício, essas imagens contrastam com a “comida aconchegante” que a namorada de Green prepara, o ambiente acadêmico que frequentam e a casa simples em que moram.
Mas até onde a filha realmente se distanciou do projeto de vida que a mãe sonhou pra ela? Enquanto Green luta contra a homofobia na universidade em que atua como professora horista, a mãe entra num embate contra os métodos desumanos de administração da clínica em que trabalha. Se o choque de gerações afasta, a partilha de certos valores une as duas.
Sobre minha filha é um romance profundamente honesto a respeito da intensidade dos laços de família, mas não só. Conhecida por retratar de forma compassiva o sofrimento silencioso dos oprimidos, Kim Hye-jin traça um panorama da classe média sul-coreana e evidencia a falta de mobilidade social de uma sociedade que vê seus índices de pobreza aumentando a cada dia. Nela, viver com dignidade é em si só tarefa árdua, que exige que mãe e filha superem as diferenças e o ressentimento para acolher uma à outra.
Fonte: Fósforo Editora